29 de maio de 2014

Quantos Amores Guarda Uma Atriz?


Quantos amores guarda uma atriz
Em seu coração de mil personagens
Em sua face de mil disfarces
Em seu corpo de múltiplas almas?

Quantos pecados comete uma atriz
E para quantos deuses ela pede perdão
Dizendo ser apenas encenação
Os atos que a levaria ao inferno?

Para quantos céus vai uma atriz
Quantas vezes ela morre
Para dar vida a outras vidas
Que não morrem dentro de si?

[Anderson Lopes]

20 de maio de 2014

O Amor é Uma Guerra Perdida



No campo minado da solidão
O amor é uma guerra perdida
Na arma descarregada do coração
O amor é uma guerra perdi


No suor derramado em vão pela paixão
O amor é uma guerra perdida
Na trégua implorada pelo perdão
O amor é uma guerra perdida...

***

O amor se joga em meus braços
Quase sem vida
Banhado em sangue
Geme de dor

Numa sucessão de fracassos
Abriu-se feridas
Não há quem estanque
O sangue do amor.

[Anderson Lopes]


8 de maio de 2014

Os Meus Dias


Meus dias caminham lentamente
Como pés cansados que vagam pela casa
Como o ponteiro do relógio que aos poucos para
Compreendendo o esgotamento da pilha

Os meus dias
São olhos de noites mal dormidas
Olhos condenados a ver a vida 
Enquanto todos dormem...

Anderson lopes


Imagem: site Deviantart

20 de abril de 2014

Delgadina


*Delgadina
Puta imaculada
És para as minhas retinas
A luz ao findar da estrada
Onde eu arrasto a minha cruz

Ah, Delgadina
Dorme o teu sono profundo
Enquanto na nudez do teu corpo eu desenho um mundo
Onde o amor nos mantém acordados
Vidrados
No sexo um do outro

Pouco ainda tenho de mim
Do meu corpo só me resta esta alma
Que ainda tem anseios de menino
E te chama Delgadina
Para com ela fazer malcriações

Dorme minha menina
O teu sono passivo de santa
Os teus sonhos confusos de puta
E deixe a vida por minha conta...

[Anderson Lopes]



*Inspirado no Livro Memória de Minhas Putas Tristes, Gabriel Garcia Marques

8 de abril de 2014

Brevemente...



Não me recordo do seu rosto
Rasurado na fotografia amassada
Nem do seu cheiro
Abafado pelo cheiro da naftalina
Da sua voz nada ficou em meus ouvidos
Na minha memória
Tudo é tão vago e indefinido
Que, às vezes, da sua existência eu duvido
Foste tão breve
Como flor que nasce e fenece no mesmo dia
Em mim só ficou a lembrança
Do quão feliz eu era
Quando você estava aqui...


[Anderson Lopes]

31 de março de 2014

Fome

Meio-dia
Minha fome
E o meu desejo
De resgatar sabores antigos

Meio-dia
Sou só metade
Tentando resgatar a outra
No fundo de um prato vazio...

(Anderson Lopes)

10 de março de 2014

Regresso



...Estive no fundo de mim
Com a alma recolhida
Sob os restos das palavras mortas

Retorno à superfície
Atraco-me ao cais
E às glórias da poesia

Retomo o fôlego
Eu sou um poema novo
Escrito pelo grande Poeta das frases desconexas

Eu sou um poema do Destino
Decifra-me
Nas poucas linhas que te ofereço.

[Anderson lopes]