27 de junho de 2012

Cida


Anda esquecida
De tão distraída
Erra a medida
Esquece da vida
Vai na contramão

Anda combalida
De tão combatida
Não dá a partida
Estaciona a vida
No meio do salão

Perdida
Falida
Ferida
Traída
Dança na corda bamba
A dança suicida
De quem quer se encontrar no vão.

[Anderson Lopes]

22 de junho de 2012

Vai, Poeta

Love, love, love
Love, love, love
Love, love, love

There's nothing you can do that can't be done
Nothing you can sing that can't be sung
Nothing you can say, but you can learn how the play the game
It's easy...


Põe o teu pé no mundo
Arranque-o deste chão
Sinta a aspereza da estrada
Nenhuma fuga é em vão

Vai, revele ao mundo o teu canto
Largue o braço da solidão
Navegue marinheiro só
Seguindo a rota da intuição

Tire as suas ideias da mala
Jogue ao vento a sua emoção
Voe pequena Fênix
Com as azas da redenção...


All you need is love
All you need is love
All you need is love, love
Love is all you need


Anderson Lopes
[All You Need is Love é uma canção dos Beatles]

17 de junho de 2012

Canção Triste


Triste a canção que nos envolve
Nesta noite com ares de felicidade
Triste contraste
Mas é a melodia que agora nos cabe
Que melhor define
O final desta festa onde gastamos tanto os nossos pés
Numa valsa alegre
Numa dança que parecia não ter fim...


Anderson Lopes







12 de junho de 2012

12 de Junho: Dia dos Equivocados



No frio atroz de junho
O casal tenta [em vão] aquecer
O amor que há tempos virou gelo.

Anderson Lopes





7 de junho de 2012

Leite de Rosas (Àquelas Duas)



Amavam-se em segredo
Havia menos amor que medo
Naqueles dois corações indefesos

Amavam-se entre olhares
Acenos de mãos
Palavras subliminares

Amavam-se entre cartas
Letras rabiscadas
Juras desesperadas

Amavam-se às escuras
Amor clandestino
Aos olhos do destino

Quando juntas
Uma na outra
Sem alma e sem roupa
O mundo era só um detalhe
Não havia quem as assustasse
Uma na outra
Sem disfarces

Uma na outra
Boca na boca
Seios
Anseios
Receios
Amor em flor
Leite de rosas

A Lua e a Terra
Velavam por elas
E sem mais aquela
Também se despiam

A Lua e a Terra
Uma na outra
Elas por Elas.

Anderson Lopes





3 de junho de 2012

Crise de Erros


A ansiedade cravou em mim as suas garras
E as minhas noites são dragões
Que eu tenho que enfrentar com armas de um São Jorge covarde
De manhã a cabeça cobra os sonhos que não tive
E dói
Não a dor que encontra alívio no analgésico
São dores de parto
Minhas ideias são filhos que se negam a vir ao mundo.
Também é insuportável
A dor dos pesadelos não abortados

De tarde o corpo pede repouso
Enquanto a rotina castiga
E exige cada vez mais dele
O cansaço não encontra refúgio nem na poesia
Que se fez ausente ao pressentir o meu caos
A poesia exige um lirismo que eu não sou capaz de proporcioná-la
Não neste momento
Em que eu estou à beira de uma crise de erros.

Anderson Lopes