8 de novembro de 2012

Estação Vila Olímpia


Estou parado na Estação
Esperando o trem que não chega.
Catando a poesia que sai dos trilhos.
Tentando me contagiar com a alegria dos meninos
Que passeiam numa paz quase divina
Em suas bicicletas aladas.
Eles flutuam na pista
Como flutuam na vida,
Por que nada neles pesa
E na certa são felizes assim.
Estou parado
Enquanto o tempo corre à velocidade do trem.
A Estação logo se enche
É intenso o fluxo de gente
E triste a espera
De quem não pode usar as próprias pernas
[Tão pouco as próprias asas]
Para voltar pra casa.
Estou na Estação Vila Olímpia
Eu sou um trem sem trilhos para percorrer
E o meu peito é um vagão sem gente.
A saudade é quem ocupa os acentos vazios.
Estou febril
A alma está doente
E o corpo é quem sente as suas dores.
O trem chega
Coloco no papel toda a poesia que colhi
Todos os versos que com ela construí
E embarco.
A agonia da espera cessa
E eu volto a funcionar.

Uma ave branca beija o rio que atravessa a cidade
Dando-lhe um instante de vida...

[Anderson Lopes]